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Sinceridade

Não foram poucas as vezes, devo confessar, que ouvi de amigos e conhecidos a máxima “eu sou sincero”. E ainda, em situações onde parece sempre cair bem, “desculpe pela sinceridade, mas (…)”. Nunca julguei ninguém por isso. Hoje quero dizer algumas palavras acerca do que penso sobre sinceridade. E verdade.

Em geral, temos o hábito de confundir verdade com sinceridade. Verdade, em uma definição livre, seria tudo aquilo que é puro em sua essência – seja bom, seja ruim. Sinceridade é muito mais que uma extensão de sentido. Ela pode vir a ser a exteorização daquilo que aceitamos como verdade – seja igualmente boa ou ruim.

Para algumas pessoas, a verdade e a sinceridade formam algo incivil. De fato, verdades costumam machucar, mas o que efetivamente as agrava é o modo como elas são exteorizadas. Se uma pessoa aparece com um relógio novo e outrem, de supetão, diz “com toda a sinceridade” que o achou feio, o que dizer? Ela foi apenas sincera, como se diz.

É evidente que a falta de sensibilidade anuvia o brilho de ser verdadeiro e sincero. Uma ação edificante, aniquilada por outra irremediavelmente destrutiva.

Deveria uma pessoa, em dado momento, falsear para não ferir alguém? Não. Devemos, sim, aprender a nos comunicar mais respeitosamente. Devemos aprimorar e evoluir moralmente, mudando, quiça, nossa índole. Ser verdadeiro e sincero são atributos louváveis quando aliados a condutas dignas. Assim, podemos evitar verdades desastrosas, omissões desfiguradas e mentiras descabidas.

Certas verdades continuarão incomodando, ferindo e modelando nossa moral. E nem por isso (ou talvez justamente por isso) devemos sacar do nosso dia-a-dia toda sinceridade de que pessoas livres necessitam.

Como disse Thoreau, “mais que amor, dinheiro, fé, fama, justiça, dê-me verdade”, sem parcimônia, mas com polidez, respeito e educação.